Seminário Políticas para Diversidade Cultural

George Yúdice encerra terceira edição do seminário

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No final da tarde desta terça-feira, 27, o professor da Universidade de Miami, George Yúdice, encerrou o último dia do III Seminário Políticas para Diversidade Cultural com a palestra Usos da Cultura na era Global, dividida em três temáticas: cidade, culturas comunitárias e novo cenário digital. A mediação foi feita por Giuliana Kauark.

No evento, Yúdice destacou a importância das políticas culturais se articularem com as outras áreas da vida humana, como a saúde, a educação, a convivência social, pois, de acordo com ele, nenhuma área da cultura é completamente autônoma. “É necessário reconsiderar o conceito de cultura para visualizar sua relação com os setores da humanidade”, explica. Nesse sentido a cultura ganha um espectro mais amplo, pois ela passa a não se referir somente às artes ou o patrimônio, mas também está relacionada com indústria cultural e as práticas cotidianas em seu sentido mais pleno.

Para Yúdice, o desafio para a diversidade cultural é a superação de políticas que obstruem o seu desenvolvimento. Para tanto, é necessário que os cidadãos estejam engajados na vigilância e promoção de políticas voltadas para o caráter transversal da cultura. “As cidades estão em crise e precisam de uma transformação profunda através de um programa que seja tomado pela sociedade”, reforça o professor. Como exemplo, ele citou a cidade colombiana de Medellín, que destinou 40% de seu orçamento para a educação e conseguiu, em um período de 10 anos, se tornar a “cidade mais criativa do mundo”. “A transformação não foi infraestrutural, houve a construção de pontes humanas entre o Estado e a cidadania”.

Em relação aos coletivos e redes culturais, Yúdice expôs que essas redes cidadãs, cada vez mais, exigem uma mudança de perspectiva do Estado. “Esses novos atores têm que trabalhar junto com o Estado ou transformá-lo”, determina. Em 2001, 100 organizações se reuniram na cidade de Medellín para lançar a plataforma Rede de Cultura Viva Comunitária, que tomou como modelo o programa brasileiro Cultura Viva e conta com organizações culturais de base territorial, movimentos juvenis, povos tradicionais, redes de economia criativa, ONGs, dentre outras. De acordo com o professor, “o modelo está se estabelecendo em vários lugares como mudanças e com observáveis resultados políticos”.

Por fim, no Cenário Digital, o palestrante revelou que a América Latina foi a região que mais cresceu em participação no ambiente digital, onde o subcontinente encontrou condições para fazer circular suas produções com maior facilidade. “Os usuários (da América Latina) são mais jovens que os usuários das outras regiões, eles estão liderando o uso da internet, estão fazendo isso através dos smartphones, que tem provocado uma transformação em como as pessoas veem videoclipes, músicas e filmes”, revela Yúdice, ao afirmar que os jovens latino-americanos têm um nível de envolvimento e engajamento equiparável ao dos europeus.

Ele finalizou a palestra comentando sobre a recriação de “monstros do passado”, referindo-se ao Google e Facebook. O professor explicou que o esforço de ambas as empresas em oferecer banda larga para localidades que não têm acesso à internet não se trata na verdade de um serviço público altruísta. “O crescimento dessas empresas tem implicações diretas na diversidade cultura na internet, o que não quer dizer um impeditivo. Para Convenção da Diversidade, essas empresas querem provocar o monópolio de circulação do conteúdo”, finalizou.

Texto: Ítalo Cerqueira

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